segunda-feira, 20 de maio de 2013

Não há tempo para o afeto

Olá a todos!!
Com tantas mudanças desde a criação do blog, acabei deixando um pouco de lado as postagens..A partir de hoje, prometo que manterei o mesmo com textos atuais sobre educação não somente na escola em si, como também na educação dos nossos filhos. Acabo de reler um livro maravilhoso chamado O poder da palavra dos pais, de Elisabeth Pimentel, psicóloga clínica, terapeuta familiar. Sempre que leio me sinto profundamente tocada, pois me faz avaliar minha prática diária na minha convivência com minha filha e de como eu venho contribuindo positivamente ou não, para o seu crescimento como pessoa. Claro que os pais sempre querem acertar, não é mesmo?? O problema é que muitas vezes não percebemos que alguns comentários por mais naturais que pareçam, machucam nossos pequenos, que não conseguem verbalizar seus sentimentos diante de tantas impulsividades dos pais. Retirei um pequeno trecho do livro, no qual mais me marcou enquanto psicóloga escolar, lidando com tantos adolescentes sem afeto, em como os pais priorizam muitas outras coisas que não a atenção aos filhos, por mais óbvio que isso pareça ser.. Espero que gostem da leitura e que reflitam também enquanto pais, futuros pais e educadores...Abraços e até a próxima postagem!!


Não há tempo para o afeto
Elisabeth Pimentel
O cuidado com o futuro tira o tempo de um convívio afetuoso. Corremos, investimos, trabalhamos cada dia mais para cuidar da segurança dos filhos amanhã, mas os deixamos hoje inseguros por falta de afeto. Daqui a alguns anos, eles não vão mais precisar de nós, vão poder e vão querer cuidar de si mesmos. O tempo que eles precisam é agora. Não podemos dar atenção a eles hoje porque temos de preparar seu futuro, porém, quando este chegar, talvez não conheçamos mais os filhos.
Ás vezes os pais descobrem (depois que todos já sabem). Sobre as atividades de seus filhos, coisas que jamais poderiam supor que eles pudessem vir a fazer. Descobrem que não o conhecem verdadeiramente, porque não tiveram tempo de participar de sua vida.
A felicidade está relacionada a nossa maneira de viver. Ela depende do equilíbrio que conquistamos entre os vários setores de nossa vida, como o trabalho, o convívio social, o lazer, o relacionamento familiar, o crescimento espiritual, enfim. É preciso qye se dê o valor devido a cada um deles. Do que adianta trabalharmos exaustivamente para a família e deixá-la carente de nosso carinho e atenção?
Alguns dizem que não é a quantidade de tempo que se passa com os filhos que é importante, mas a qualidade, a intendidade do relacionamento. Essa teoria só pode ter sido criada para aliviar o sentimento de culpa dos pais modernos. Eu não sei como cultivar um relacionamento intenso, de qualidade, se não se tem tempo disponível pra dedicar a isso, se passamos pelos filhos sempre correndo. O nosso ritmo pode levá-los a sentir que estão em último lugar na nossa vida.
Quando nos referimos a um grande amigo, é sempre alguém que nos conhece bem, que sabe do que gostamos, das nossas preferências, que conhece nossos problemas e muito do que pensamos. Se quisermos a amizade de nossos filhos, precisamos cultivá-la da mesma forma. É importante conhecer seus colegas, saber das suas brincadeiras preferidas, interessar-se pelos filmes e jogos de que eles gostam, participar do mundo deles. Saber de suas dificuldades e estar junto nos momentos difíceis. Ter tempo para conversar.
Não conseguiremos isso com cinco minutos por dia, se formos apenas visitas na vida de nossos filhos. Se nos momentos em que eles precisam, nós nunca estamos por perto, não há como saberem que podem contar conosco. É claro que as coisas estão corridas e o tempo é pouco diante de todos os compromissos e das dificuldades atuais. Evidentemente que, para se resolver todo o problema de maneira ideal é preciso superar o subdesenvolvimento econômico e social.
 Cada um pode, dentro de sua condição de vida, procurar fazer o melhor. É uma questão de consciência, de valores, de estabelecer prioridades e exercer a liberdade. Não devemos nos deixar contagiar pela loucura do mundo. O mundo gira em torno de valores muito deturpados e a vida carece do que é essencial. Se não tivermos consciência, passaremos nosso tempo ansiosos buscando futilidades e perdendo o que mais importa.
Os pais não são responsáveis por tudo de errado que acontecem na vida de seus filhos. Ninguém é apenas fruto do meio em que vive. Na verdade, cada um traz em si uma história particular, uma maneira própria de reagir as experiências. Contudo, não podemos abrir mão da nossa parte, de nossa responsabilidade, do que cabe a nós fazer.
Uma criança com uma base sólida, criada com amor, segurança e apoio, não será tão facilmente envolvida por tantos males. Não estará tão vulnerável nesse mundo conturbado.      

* Trecho extraído do livro O poder da palavra dos pais, de Elisabeth Pimentel, Ed.Hagnos, São Paulo, 2006. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Bom dia gente!
E reiniciar uma semana logo após um feriado em plena terça-feira é mais difícil né?? Hoje recebi uma mensagem bem bacana que fala um pouco sobre o cooperativismo entre as pessoas, assunto bastante esquecido e que por sinal o ano de 2012 foi eleito pela UNESCO como o ano Internacional do Cooperativismo. Representa uma oportunidade para, juntos, com base na participação, na democracia e na solidariedade, na independência e no desenvolver da autonomia de nossos alunos, consigamos compartilhar experiências que nos levem a vivenciar cada vez mais este tema.. E vamos á leitura.. Abraços!

Ubuntu, uma lição fácil de aprender, melhor ainda de viver


GRANDE DESCOBERTA DE UM ANTROPÓLOGO EM VIAGEM AFRICA - Ubuntu...
 
A jornalista e filósofa Lia Diskin, no Festival Mundial da Paz acontecido em Floripa,  no ano de 2006, contou o seguinte caso:

Um antropólogo estava estudando os usos e costumes de uma tribo na África chamada Ubuntu. Quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta para casa. O transporte iria demorar, então ele resolveu propor uma brincadeira para as crianças.

 
Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. Elas simplesmente responderam:

"Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"


Meses e meses estudando essa tribo e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição.


Ubuntu fala sobre a noção de comunidade que, infelizmente, muitos de nós perdemos pelo caminho, em algum momento. É aquele sentimento de solidariedade, gentileza, respeito, tolerância e pertencimento que faz das relações, atitudes e comportamentos humanos experiências ricas, únicas, transcendentais.
Para o arcebispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, Ubuntu é um dos presentes da África ao resto do mundo. Envolve hospitalidade, cuidado com os outros, ser capaz de dar um passo a mais pelo bem dos outros. “Acreditamos que uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas, que minha humanidade está vinculada indissoluvelmente à sua. Quando desumanizo você, inexoravelmente me desumanizo. O ser humano solitário é uma contradição em termos, portanto, trabalhe para o bem comum porque sua humanidade vem de sua própria pertença”, diz ele.
. Em poucas palavras, Ubuntu conecta os seres humanos, destrói a indiferença diante da dor do outro, incorpora a troca de sorrisos com o vizinho como um indicador de bem-estar, saúde e qualidade de vida.
E tenha certeza: a solidão que muitas pessoas sentem como uma angústia profunda é falta de Ubuntu, desse algo que nos acolhe como uma lareira em dias frios.Nós apenas podemos ser humanos quando estamos juntos. Esse é o único jeito.
Entendeu o que é Ubuntu? Talvez você, tanto quanto eu, ainda tenha dúvidas e fique inseguro ao tentar explicar a alguém o que é, afinal, Ubuntu. Apesar disso, o espírito dessa prática filosófica, digo por mim, tocou-me profundamente. Ubuntu significa: Sou quem sou, porque somos todos nós . É bonito, não?

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Bom dia a todos!!
Estava procurando uns textos mais atuais para compartilhar com vocês que são pais e educadores e finalmente achei um que realmente valesse a pena! O texto é de Maria Tereza Maldonado e em seu site podemos achar muuuuita coisa interessante..Eu amei a leitura, e vcs?? Aguardo reações!!! Bjs e boa semana! 


“MAS TODO MUNDO FAZ!”, “MAS TODO MUNDO TEM!”



Esses são argumentos poderosos que os filhos utilizam, há algumas gerações, para testar os limites que os pais colocam. Muitos se sentem pressionados e cedem, temendo que os filhos sejam excluídos do grupo de amigos. Lembram-se de se sentirem humilhados e inferiorizados quando eram desprestigiados por seus próprios pares quando não tinham a mochila ou a calça da marca valorizada na época, com raiva dos pais que lhes negavam o acesso aos bens de consumo que representavam o passaporte de aceitação no grupo. E, agora, sofrem ao verem os filhos com medo de serem rejeitados e excluídos.
Dependendo da época, mudam os conteúdos, mas o processo é idêntico: roupas, tênis, mochilas e estojos de marca continuam sendo prestigiados na nossa sociedade de consumo, mas outros bens passaram a ser incluídos na lista: smartphones, iPads, iPods, entre outros. Após uma palestra em uma escola de classe média alta fui cercada por um grupo de mães preocupadas com suas filhas de dez anos que se sentiam excluídas do grupo por não estarem tão conectadas quanto as outras que se comunicavam por meio de aparelhos de última geração para combinar programas, disseminar fofocas ou trocar ideias: o computador e os telefones convencionais já eram considerados obsoletos como meios de comunicação. 
A pressão para fazer parte de uma rede de relacionamentos também é grande, burlando a lei da idade mínima: “Todos os meus amigos fazem parte, só eu vou ficar de fora? Vou ser discriminado!” argumenta o menino de nove anos, ansioso por divulgar as fotos da viagem de férias, sem a menor noção dos riscos envolvidos pela superexposição de informações sobre a vida pessoal.
Em seu livro Vida para consumo, o sociólogo Zygmunt Bauman, profundo estudioso da sociedade contemporânea, diz que vivemos em uma sociedade que estimula a nudez física e psíquica. Por conta  disso, as pessoas passam a expor detalhes de sua vida privada em público.
“Se eu posso dar o que eles pedem, por que não?”, questionavam algumas mães temerosas de frustrar desejos imperativos por objetos considerados indispensáveis. “Mãe, quando você era criança essas coisas nem existiam, mas agora não dá para viver sem isso!”. E o que fazer com a preocupação de ver os filhos excluídos do convívio por não trocarem mensagens o dia todo pelos smartphones? O bullying manifestado pela exclusão dos que não possuem os objetos considerados essenciais é uma realidade em muitas escolas, revelando as práticas discriminatórias presentes na sociedade que despreza quem “tem menos”, mesmo que “seja mais” (inteligente, interessante, solidário, entre outras qualidades pessoais).
“Você não é todo mundo!”;“ Eu não sou todos os pais que deixam os filhos terem ou fazerem o que você está querendo!” – estes são os argumentos tradicionais que os pais apresentam para reforçar o “não”. Mas o desafio precisa prosseguir para incluir uma reflexão crítica sobre o consumismo e o fortalecimento de recursos para que a criança consiga se incluir nos grupos mesmo sem os objetos de desejo cultuados. A simples posse desses objetos não garante a inclusão no grupo, até porque rapidamente estes são substituídos por novos modelos, tornando o anterior (e o seu dono) descartável.  
Convidei esse grupo de mães preocupadas a imaginar uma situação infelizmente cada vez mais comum já no início da adolescência: “Pai, se não tiver cerveja na minha festa de aniversário, ninguém vai aparecer!” “Todos os meus amigos dirigem o carro dos pais com quinze anos, por que vocês não deixam que eu aprenda logo de uma vez?” E, então, nessas situações desafiantes, os pais vão ceder aos desejos dos filhos para que eles sejam supostamente aceitos pelo grupo mesmo que isso envolva riscos e ações impróprias para a idade? É bom saber que, no cérebro adolescente, a percepção de risco e a capacidade de autoproteção ainda estão em construção. É igualmente importante lembrar que os pais são amorosa e legalmente responsáveis pelos seus filhos.
Mais importante do que ceder aos desejos do filho é convidá-lo a desenvolver a inteligência dos relacionamentos. Como pode convencer os amigos de que vale a pena irem à sua festa de aniversário mesmo sem bebidas alcoólicas? Como continuar sendo aceito pelos amigos quando recusa as drogas que passam a circular livremente entre eles? Como desenvolver recursos pessoais para construir uma sólida auto-estima e se apresentar como uma pessoa de valor mesmo sem usar roupas e acessórios de marcas prestigiadas? Aprender a transitar entre a necessidade de pertencer a um grupo e o trabalho de construir uma identidade pessoal fundamentada na ética do ser é uma das grandes conquistas do desenvolvimento de todos nós.

Texto extraído do site: http://www.mtmaldonado.com.br/

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ensinar Aprendendo

Bom dia a todos!!
Quanto tempo já faz da última postagem não é?? Hoje venho com um propósito bem diferente, que é o de indicação de leitura. Ando relendo um livro já adquirido a alguns anos por mim, mas que fora deixado na prateleira porque tinha mudado de segmento na escola em que trabalho. Hoje, novamente trabalhando com adolescentes, percebi que tal mudança fora de grande importância para meu amadurecimento pessoal e profissional, pois ao mudar de faixa etária, de segmentos (do fundamental 1 para fundamental 2 e médio), pode-se ver claramente a evolução do ser humano em suas diferentes fases..O livro que mencionei foi do incrível psiquiatra Içami Tiba, um dos autores mais lidos entre pais e educadores. Chama-se Ensinar Aprendendo, da Integrare Editora. A edição que tenho é de 2006, mas penso que já deve ter outra mais atualizada. Na obra, Tiba se refere a atualização e capacitação necessária aos educadores diante de um novo paradigma da educação. Uma nova metodologia em tempos de internet..."O educador que compreender seus alunos terá diante de si não um simples estudante, mas um professor a lhe ensinar os melhores passos e diretrizes pedagógicas para ensinar a outros alunos".. Espero que gostem da leitura, pois eu estou encantada!!
#ficaadica..

Abraços a todos!


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Necessidade de reconhecimento

Boa noite pessoal!
Hoje ganhei de presente este texto e pensei imediatamente em dividi-lo com vocês! Fala  da grande necessidade de reconhecimento que todos nós temos, principalmente nossos filhos e alunos, sejam eles crianças ou adolescentes. Esta leitura nos leva a refletir sobre o que acontece hoje em dia..Pais que não valorizam seus filhos e estes por sua vez, tamanha sua necessidade de reconhecimento, acabam escolhendo mesmo que inconscientemente, a forma negativa desta...Mas, quem se interessou tem mais abaixo. Esta leitura nos enriquece como pessoas, pais e profissionais, então, não deixem de saboreá-la! Um grande abraço a todos!


O ego precisa ser reconhecido. A indiferença é a pior coisa pra ele.  As crianças desde bem pequenas já demonstram essa necessidade. Querem ser vistas e ouvidas pelos adultos. Adoram receber atenção. Quer ver uma criança feliz? Dê atenção pra ela. Converse sobre as coisas do seu mundo infantil, pergunte sobre sua vida, brinque com ela.

Quando não damos esse tipo de atenção e reconhecimento positivo a criança, ela irá buscar de uma forma negativa. E isso acontece da seguinte forma. Muitas vezes os adultos deixam de dar atenção e de elogiar as crianças, o que seria uma forma positiva de reconhecimento. Entretanto, quando a criança age de uma forma indesejada, ela logo recebe uma crítica. A critica é uma forma de atenção negativa, mas ainda assim é um tipo de reconhecimento. O adulto está interagindo com a criança, está reconhecendo sua existência, mesmo que de forma desagradável. Entretanto, para o ego, é melhor receber esse tipo de atenção negativa do que nenhuma atenção.
Inconscientemente, a criança que não é elogiada sabe que basta fazer algo tido como “errado” que logo receberá a atenção de algum adulto. Não é proposital. Ela é levada por um impulso interior a cometer algo para receber atenção. Como as ações positivas não estão gerando qualquer tipo de reconhecimento, ela automaticamente se condiciona a agir de forma negativa,  e acaba conseguindo ser reconhecida.
Por isso é que a melhor forma de transformar o comportamento das crianças é elogiar cada vez mais tudo de bom que elas fizerem e ignorar seus comportamentos negativos. O ego então entende que, para ganhar atenção, é melhor tomar atitudes que os adultos gostam, e que ações negativas não trazem esse benefício. Com o passar do tempo, a criança passa a agir de forma cada vez mais positiva (desde que os adultos estejam sempre elogiando e reconhecendo) e vão abandonando os comportamentos negativos.
Mas não é assim que a maioria dos adultos age. Normalmente, o padrão é o de elogiar  pouco e criticar bastante, o que acaba reforçando os comportamentos negativos.
Esse mesmo mecanismo de reconhecimento explica o que atrai as pessoas para o crime nas comunidades. Como alguém pode se sentir atraído por coisas tão negativas, com tantos riscos e sofrimento? Crianças e adolescentes sentem-se  ignorados, e sentindo esse vazio interior, acabam indo buscar no crime o reconhecimento que necessitam. Mesmo que sejam vistos como marginais por muitos, ainda assim, estão tendo a sua existência reconhecida. Para o ego, isso é melhor do que a indiferença, por mais estranho que pareça.
As vezes, o governo implanta programas sociais nas áreas carentes,  e essas pessoas agora tem a chance de ser reconhecidas de uma forma positiva: praticando esportes, estudando para ser “alguém” e ter uma profissão. Assim, muitos vão largar a delinqüência e outros deixarão de entrar nela por que agora há uma outra possibilidade muito melhor de ganhar reconhecimento.
Mas a necessidade de reconhecimento não se aplica somente as criança e adolescentes. Ao nos tornarmos adultos, deveríamos nos sentir cada dia mais livres desta necessidade. Para alguns há realmente uma diminuição, mas outros continuam tão necessitados de reconhecimento como as crianças. Esse padrão acaba levando a sofrimento, pois o bem estar fica dependendo da apreciação de terceiros: chefe, marido, esposa, pais, amigos e etc. E logicamente, nem sempre as pessoas irão nos elogiar, reconhecer e nos dar atenção.
Podemos abrir mão conscientemente dessa necessidade todas as vezes que a detectarmos. É preciso se auto observar, ficar bastante atento e reconhecer que nada de mal nos acontece se não formos reconhecidos. É apenas uma necessidade emocional infantil enraizada.
Quanto mais abandonarmos essa necessidade, mais adultos nos tornamos. Nossos relacionamentos melhoram pois ficaremos mais em paz e nesse estado deixaremos de criar conflitos de forma inconsciente. O mais curioso, é que haverá uma tendência  que as pessoas venham a nos dar atenção, nos elogiar e reconhecer. Mas agora você já não é mais dependente disso para ser feliz e não está fazendo coisas no intuito de ganhar atenção. Poderá então curtir o reconhecimento sem o lado ruim que é a necessidade interior. Ou seja, quando você for  reconhecido, será prazeroso, mas a falta do reconhecimento não trará qualquer tipo de sofrimento.
Quando temos a necessidade de reconhecimento, o prazer provocado pela atenção e elogios é em parte uma falsa satisfação. Parte desse prazer é na verdade o encobrimento de um sofrimento oculto, que é a necessidade. Esse tipo de prazer se assemelha ao  de uma pessoa compulsiva por comida (ou qualquer tipo de vício) quando está se alimentando.
Vamos supor um chocólotra. Ao comer o chocolate ele sente um prazer enorme. Logo esse prazer passa e ele precisará de mais chocolate para se sentir bem. Mas por que é que ele necessitou a princípio do chocolate? Uma inquietação interior, a qual chamamos normalmente de ansiedade,  se manifestou gerando uma busca por alívio. No caso do chocólotra, ele irá buscar na sensação de prazer de comer o chocolate o alívio passageiro para sua inquietação. Comer chocolate então não é assim então um prazer tão real pois está atrelado a uma dependência que traz alivio de um sofrimento. Uma pessoa que não tenha essa dependência poderá curtir um chocolate de forma verdadeira, sem o lado ruim da necessidade. E nesse caso ela irá se sentir saciada com uma pequena quantidade, que, se for ultrapassada acabará causando enjôo.
Fazendo mais uma comparação. Imagine alguém que compre sapatos muito apertados. Ao chegar em casa, sente um  alivio e um prazer enorme ao tira-los dos pés. Mas não seria melhor andar com sapatos mais confortáveis? “Não, assim eu não teria o prazer de sentir o alivio ao ficar descalço”. Alguém pode pensar dessa forma, mas é algo certamente insano.
O sentimento de necessidade de reconhecimento é mais ou menos como a sensação do sapato apertado que precisamos aliviar de vez em quando recebendo atenção de alguém. É uma prisão emocional.

Ao mesmo tempo que você decide abandonar a  necessidade de ser reconhecido, adote o hábito de elogiar e reconhecer as outras pessoas: filhos, amigos, funcionários, cônjuge e etc. e observe as atitudes das pessoas melhorarem cada vez mais no relacionamento com você. Abandone também as críticas e veja as mudanças positivas que isso irá trazer.

Texto de André Lima – WWW.eftbr.com.br

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ansiedade excessiva em crianças

Boa noite caros colegas!
Gostaria de colocar em destaque um tema que muito aparece nos dias de hoje e deixam os pais sem saber o que fazer: A ansiedade das crianças...Talvez pelo que vêem ou escutam, as crianças estão exigindo cada vez mais de si e mais temerosas com os perigos da vida real...E o que fazer então? Deixá-las totalmente alheias a tudo não é a solução...O texto abaixo orienta os pais e professores e dá algumas dicas de como lidar com os pequenos diante do assunto..Boa leitura a todos!


Ansiedade excessiva em crianças

Algumas doenças que pensamos serem doenças de adultos estão atingindo cada vez mais as crianças. Os transtornos de ansiedade ocorrem em crianças, sim, e não é manha como alguns adultos pensam. Precisam de atenção dos pais para que não comprometam a vida dos pequenos.
"As pressões da sociedade de hoje que exigem da criança um amadurecimento cada vez mais cedo. E essa pressão aumenta a ansiedade nas crianças" diz a psicóloga Edna Kalaf.
A ansiedade da criança é a manifestação exagerada de preocupações diante de alguma situação teoricamente simples. Por estar ansiosa, a criança às vezes sente dores de barriga reais quando não quer ir à escola por algum motivo.
O corpo manifesta as emoções sentidas e com as crianças isso não é diferente. Dores de cabeça, de estômago, coração acelerado ou mesmo falta de ar podem ser sentidas pela criança realmente e não ser só uma desculpa para não dormir sozinha.
A ansiedade exagerada é aquela que acaba atrapalhando na vida cotidiana da criança. Pode aparecer na forma de medo, tensão muscular, preocupação com eventos futuros, isolamento e dificuldade ou queda no rendimento escolar.
Os transtornos de ansiedade se não tratados adequadamente podem evoluir para a depressão e por isso a procura por ajuda especializada é muito importante para que as causas sejam conhecidas o mais precocemente possível.
Os pais precisam estar atentos para perceber as mudanças do comportamento do seu filho para ajudá-lo a superar qualquer insegurança que possa se tornar motivo de preocupação extrema.
Quando a criança começar a não querer brincar na pracinha que está acostumado a ir freqüentemente, o melhor é conversar e tentar entender o motivo e junto com o pequeno fazê-lo superar da melhor forma possível o que lhe angustia.
Crianças com potencial em determinado esporte não podem ser cobradas pelos pais a obter rendimentos de campeões olímpicos. Incentivo é diferente de pressão.
Tratamentos contra a ansiedade - Caso a ansiedade da criança já esteja interferindo na vida cotidiana, o melhor é procurar ajuda seja do médico psiquiatra ou de um psicólogo. A psicoterapia e a medicação são os tratamentos realizados para crianças com ansiedade exagerada.

Dicas
Converse muito com seu filho sempre. É a melhor maneira de sentir pequenas mudanças no comportamento da criança.
Não tenha medo caso o psiquiatra receite alguma medicação, existem doses e remédios indicados para a infância, mas não deixe de tirar todas as suas dúvidas antes de sair do consultório.
Demonstre sempre muito carinho para o seu filho e que está sempre ao seu lado para que ele supere suas dificuldades.
Texto de Bruno Rodrigues extraído do site www.guiadobebe.com.br

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Meu filho, você não merece nada..

Boa noite colegas!
Gostaria que fizessem agora uma reflexão como pais e educadores de seus alunos...Vivemos hoje em uma realidade com uma geração tão preparada para certos desafios e tão despreparada para outros...O texto abaixo nos leva a pensar sobre o que realmente vale a pena trabalhar com nossos filhos e alunos...Boa leitura a todos! Aguardo comentários...Abraços!


“Meu filho, você não merece nada" - Texto Eliane Brum

É grande, mas imperdível. Muita gente aqui está precisando ler isso.




Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.