Com tantas mudanças desde a criação do blog, acabei deixando um pouco de lado as postagens..A partir de hoje, prometo que manterei o mesmo com textos atuais sobre educação não somente na escola em si, como também na educação dos nossos filhos. Acabo de reler um livro maravilhoso chamado O poder da palavra dos pais, de Elisabeth Pimentel, psicóloga clínica, terapeuta familiar. Sempre que leio me sinto profundamente tocada, pois me faz avaliar minha prática diária na minha convivência com minha filha e de como eu venho contribuindo positivamente ou não, para o seu crescimento como pessoa. Claro que os pais sempre querem acertar, não é mesmo?? O problema é que muitas vezes não percebemos que alguns comentários por mais naturais que pareçam, machucam nossos pequenos, que não conseguem verbalizar seus sentimentos diante de tantas impulsividades dos pais. Retirei um pequeno trecho do livro, no qual mais me marcou enquanto psicóloga escolar, lidando com tantos adolescentes sem afeto, em como os pais priorizam muitas outras coisas que não a atenção aos filhos, por mais óbvio que isso pareça ser.. Espero que gostem da leitura e que reflitam também enquanto pais, futuros pais e educadores...Abraços e até a próxima postagem!!
Não há tempo para o
afeto
Elisabeth Pimentel
O cuidado com
o futuro tira o tempo de um convívio afetuoso. Corremos, investimos,
trabalhamos cada dia mais para cuidar da segurança dos filhos amanhã, mas os
deixamos hoje inseguros por falta de afeto. Daqui a alguns anos, eles não vão
mais precisar de nós, vão poder e vão querer cuidar de si mesmos. O tempo que
eles precisam é agora. Não podemos dar atenção a eles hoje porque temos de
preparar seu futuro, porém, quando este chegar, talvez não conheçamos mais os
filhos.
Ás vezes os
pais descobrem (depois que todos já sabem). Sobre as atividades de seus filhos,
coisas que jamais poderiam supor que eles pudessem vir a fazer. Descobrem que
não o conhecem verdadeiramente, porque não tiveram tempo de participar de sua
vida.
A felicidade
está relacionada a nossa maneira de viver. Ela depende do equilíbrio que
conquistamos entre os vários setores de nossa vida, como o trabalho, o convívio
social, o lazer, o relacionamento familiar, o crescimento espiritual, enfim. É
preciso qye se dê o valor devido a cada um deles. Do que adianta trabalharmos
exaustivamente para a família e deixá-la carente de nosso carinho e atenção?
Alguns dizem
que não é a quantidade de tempo que se passa com os filhos que é importante,
mas a qualidade, a intendidade do relacionamento. Essa teoria só pode ter sido
criada para aliviar o sentimento de culpa dos pais modernos. Eu não sei como
cultivar um relacionamento intenso, de qualidade, se não se tem tempo
disponível pra dedicar a isso, se passamos pelos filhos sempre correndo. O
nosso ritmo pode levá-los a sentir que estão em último lugar na nossa vida.
Quando nos
referimos a um grande amigo, é sempre alguém que nos conhece bem, que sabe do
que gostamos, das nossas preferências, que conhece nossos problemas e muito do
que pensamos. Se quisermos a amizade de nossos filhos, precisamos cultivá-la da
mesma forma. É importante conhecer seus colegas, saber das suas brincadeiras
preferidas, interessar-se pelos filmes e jogos de que eles gostam, participar
do mundo deles. Saber de suas dificuldades e estar junto nos momentos difíceis.
Ter tempo para conversar.
Não conseguiremos
isso com cinco minutos por dia, se formos apenas visitas na vida de nossos
filhos. Se nos momentos em que eles precisam, nós nunca estamos por perto, não
há como saberem que podem contar conosco. É claro que as coisas estão corridas
e o tempo é pouco diante de todos os compromissos e das dificuldades atuais.
Evidentemente que, para se resolver todo o problema de maneira ideal é preciso
superar o subdesenvolvimento econômico e social.
Cada um pode, dentro de sua condição de vida,
procurar fazer o melhor. É uma questão de consciência, de valores, de
estabelecer prioridades e exercer a liberdade. Não devemos nos deixar contagiar
pela loucura do mundo. O mundo gira em torno de valores muito deturpados e a
vida carece do que é essencial. Se não tivermos consciência, passaremos nosso
tempo ansiosos buscando futilidades e perdendo o que mais importa.
Os pais não
são responsáveis por tudo de errado que acontecem na vida de seus filhos.
Ninguém é apenas fruto do meio em que vive. Na verdade, cada um traz em si uma
história particular, uma maneira própria de reagir as experiências. Contudo,
não podemos abrir mão da nossa parte, de nossa responsabilidade, do que cabe a
nós fazer.
Uma criança
com uma base sólida, criada com amor, segurança e apoio, não será tão
facilmente envolvida por tantos males. Não estará tão vulnerável nesse mundo
conturbado.
* Trecho extraído do livro O poder da palavra dos pais, de Elisabeth Pimentel, Ed.Hagnos, São Paulo, 2006.